O Som ao Redor, 2013.




I.
Antes, era o som

A polícia prendeu hoje um foragido da penitenciária de Valparaíso, no interior paulista, suspeito de ser um dos ladrões do relógio Rolex do apresentador de TV Luciano Huck. O garçom Wagner do Nascimento Marinho, de 22 anos, cumpria pena por roubo seguido de tentativa de homicídio. No último dia 27, o apresentador teve seu relógio roubado por uma dupla que estava em uma moto na zona sul de São Paulo” – Jornal Estado de São Paulo, 18 de outubro de 2007.


Um filme sutil. O cinema pernambucano que não vai para a favela da Cidade de Deus, nem para a mansão da novela das oito. Fica no meio, mas não em cima do muro. Porque quem já viu Kleber Mendonça Filho falando notou que as palavras saem como se ele não mexesse os lábios – mas acredite: algo de importante está sendo dito.

O thriller, primeiro longa do crítico recifense Kleber Mendonça Filho, foi recebido com incomum entusiasmo pela crítica, acumulando prêmios por todo o mundo – o jornal The New York Times o apontou como um dos 10 melhores do ano. Mas qual seria o motivo de tamanho entusiasmo?

O diretor, filho de uma historiadora, já trabalhou em uma empresa grande de Recife. Sentia-se em uma lavoura de cana de açúcar, entre as moendas do engenho. Resolveu filmar o mecanismo. Em 1997, mostrou um dos limites da paranoia, com Enjaulado (1997, 33'), em que a horrível arquitetura urbana envolve cenas de violência com dedos gradeados até que viver se torne uma experiência absolutamente insuportável. Estar na cidade como estar com medo, em estado de vigília, atento aos sons do quintal, ao vizinho.

Então o que nos é familiar emerge como terror, sufocamento: o cão, o barulho do alarme disparado, a janela para a rua, o entregador de pizza, o cadeado do portão, a moto passando – a aflição de guardar o carro à noite na garagem. Anseia-se pela clausura, por traçar o limite entre a rua e a casa. Dentro da prisão particular de cada um, o jornalismo policial, os relatos das pequenas tragédias, a televisão, a louça para lavar, o registro de tudo aquilo que é trivial.

Anos depois, com A menina do algodão (2003, 6'), Kleber Mendonça contou a lenda dos anos 70 da garota morta que aparece em banheiros públicos, relacionada a desaparecimentos. O terror se manifestou de maneira mais elaborada com Vinil Verde (2004, 16'), conto para assustar crianças, em que uma garota, ao experimentar o proibido, despedaça aos poucos sua mãe, e que foi selecionado para a quinzena dos realizadores de Cannes no ano seguinte.

Com Eletrodoméstica (2005, 22'), o diretor começou uma nova etapa de sua produção fílmica. Neste curta, uma dona de casa é a rainha de sua propriedade. Muitos elementos que seriam desenvolvidos mais tarde, com seu longa de estreia, já estavam aqui. Novamente, as grades, o trivial, e a violência velada que aflora das relações. Uma tensão, aliás, que eclode pontualmente para o nível sexual, que apenas sublinha o fetiche pelo consumo, pelo eletrodoméstico facilitado pelo crédito, que corporaliza o prazer, o status e o desejo.

Neste cuidadoso retrato da vida doméstica dos anos 90, a classe média está novamente no centro das atenções, mas a favela está próxima, logo ali. Assombra o patético de nossas próprias vidas, o efeito espelho proporcionado pela câmera. Trata-se então de uma luta de classes? Por que não? Mas a forma da expressão opera em um novo nível: não mais a narrativa fabular de 2004, nem o terror estridente da lenda de 2003, ou tampouco a literalidade do drama de 1997. Há aqui uma sutileza, uma serenidade mais madura na forma do contar, uma leveza tenebrosa.

Com Noite de Sexta Manhã de Sábado (2006, 16'), uma brincadeira com o tempo e os lugares; a referência é o Sol e o liame é o mar. A moça está à frente do rapaz, é manhã para ele, é sol a pino para ela, a água está gelada, algumas coisas são ditas de um lado enquanto o que nos é dado a ver está no outro lado. A vida segue. No vimeo, o diretor disponibiliza outros exercícios que ia maturando, inclusive dois valiosos documentários curtas-metragens.

Entre os pequenos exercícios, em Jogo de gandula (?, 4'), revisita temáticas – o ambiente classe média, a televisão, o futebol de domingo, o videogame, os atores não profissionais como os de Pasolini. É uma experiência com o digital, evidentemente. Estão ali as janelas gradeadas novamente, o ângulo reto plongée das lentes sobre o corredor entre as casas, o cão do vizinho do outro lado do muro. Ou a ideia da Luz Industrial Mágica (2008, 7'), aparelho que atrapalha as exibições dos filmes travestido de lanterna pelos que chegam depois de se apagarem as luzes – é necessário se sentar com segurança, à revelia de estar ou não ali uma coletividade que comunga a experiência social de assistir um filme.

Recife Frio (2009, 25') é um filme de maturidade. Um registro que retoma o que já foi dito e o desenvolve. E que inova. Que causa dor, alegria, espanto. A ação transcorre no futuro, e tem um pé na ficção científica, envolve um meteoro, uma equipe estrangeira de filmagem. O clima quente de Recife subitamente se torna polar e, novamente, a produção é exímia, meticulosa, feita com rara sensibilidade ao tratar da completa insensibilidade de um grupo social. Impressionam os pequenos detalhes que dão lastro e verossimilhança ao relato, aliados à incrível habilidade de usar a gente comum para atuar.

O ponto alto é o da família que foi vítima arquitetônica do frio súbito: comprou o metro quadrado mais caro da cidade, de frente para o mar, projetado para se resfriar com a brisa marítima, e viu seu investimento se desvalorizar brutalmente. A equipe de filmagem estrangeira registra como o quarto de empregada, herança da escravatura, passou a ser ocupado pelo filho adolescente, único reduto da casa que não foi desenhado para se resfriar. A empregada foi desalojada para a suíte que o rapaz ocupava, mas não está à vontade – segundo os pais, porque não está acostumada ao luxo e ao conforto.

Em Recife frio, o shopping é uma estranha ilha urbana, oásis de segurança, e sempre igual: um projeto tão feio quanto o das cidades, mas que oferece conforto justamente pela trivialidade uniforme, que se repete – independente do shopping para o qual se vai, sabe-se mais ou menos o que se vai encontrar. Neste pequeno templo, a classe média suspende seus medos diários: o sequestro, o assalto, o homicídio; talvez desta ideia de oásis que decorra o desespero generalizado que gera a notícia de que um aglomerado desses foi assaltado.

É, aliás, quase como se fosse uma extensão da casa fora do ambiente da rua, pois o ambiente do shopping não é público, mas privado, particular. Ali tudo se consome, inclusive o transeunte. É aqui que vem a dona de casa do curta de 2005 adquirir o seu televisor. O espetacular e inacreditável não é então o tufo de algodão estacionado sobre o litoral de Pernambuco, ou o meteoro, ou o futuro, mas é isto aí, este jeito de viver; a equipe de filmagem vai fazer um documentário sobre uma coisa extraordinária e acaba achando outra, duas vezes mais extraordinária.



II.
Depois, o som e a fúria

Depois de seis meses procurando uma empregada doméstica, a advogada Andrea Garoni Sucupira teve de abrir mão de várias exigências para conseguir contratar uma profissional. ‘Tive de dar folga aos sábados, flexibilizar o horário de trabalho e ampliar o salário oferecido’, conta (...). ‘Cada uma que chegava guardava as coisas num lugar diferente’, lembra Andrea (...). O fato de o mercado estar hoje mais favorável ao trabalhador fomenta comportamento inusitado. Andrea conta que, no primeiro mês de trabalho, a nova empregada já pleiteou o depósito do FGTS (...). ‘Hoje as empregadas domésticas estão por cima da carne seca’, diz Andrea” – Jornal Estado de São Paulo, 14 de janeiro de 2013.


O som ao redor (Neighbouring Sounds, 2013, 131'), com orçamento de R$ 1.860.000,00, levou o prêmio de melhor filme da 36ª Mostra Internacional de São Paulo em 2012, e estreou em fevereiro de 2012 em Roterdã, tendo chegado ao circuito oficial do Brasil somente um ano depois, em 04/01/2013. Um dado externo chama a atenção: segundo a Rentrak, empresa especializada em pesquisas de mercado, O som ao redor teria sido assistido até o dia 11/01/2013, por uma média de 19 mil pessoas, enquanto que De pernas pro ar 2 atingiu cerca de 2,2 milhões de espectadores.

Os distribuidores diriam que o mercado se rende à demanda popular, certo? Não tão certo. Na verdade, O som ao redor está sendo exibido em 10 salas de cinema, enquanto que a comédia estralada por Ingrid Guimarães pode ser vista em nada menos do que 700 salas. Uma conta simples mostra que a média de público é de 1,34 para 1,82. Assim, o problema é de público ou de distribuição? Sendo de distribuição, trata-se de um problema de acesso à cultura. Teria o Estado algo a ver com isso? Segundo a Constituição Federal sim, está lá nos artigos 23 V e 215, meio esquecidos.

Kleber Mendonça Filho cursou jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e tem um site desde 2008, o CinemaScópio – a escolha do nome parece não ter sido apenas por conta da bonita sonoridade, mas também por preferência como registro na janela deitada e alongada obtida pelo processo do cinemascope, uma proporção de tela panorâmica que o cineasta usou em O som ao redor. É deste site, e da Janela Internacional de Cinema do Recife, que em novembro de 2012 alcançou a sua quinta edição, que muitos conheciam o nome dele, sobretudo como um crítico de cinema, e agora consagrado como diretor com a premiação do filme mundo afora.

No começo, é a vida acontecendo em uma terça de manhã, com nada de especial. Em princípio, aliás, nada de realmente extraordinário ocorre até subirem os créditos, mas não se engane: ao mesmo tempo em que nenhuma gota de sangue é derramada, trata-se de um dos filmes mais violentos já produzidos. É que as coisas acontecem no plano sutil das relações, em que as pausas, os silêncios e as hesitações nos informam mais do que os sorrisos, os apertos de mão e as palavras. O filme foi feito, aliás, na rua do diretor, em que ele mora: não é uma história sobre o outro, mas sobre nós hoje. Sobre a tensão das relações, sobre a hostilidade.

Dois núcleos principais da história nos apresentam a um microcosmo formado por um complexo de casas e apartamentos. Conhecemos a dinâmica desta comunidade, polarizada por um velho rico, seu filho e seu neto. Não existe em nenhum momento o desenho preciso do bairro, muito pelo contrário. As coisas vão acontecendo e assim sabemos delas, em seu curso trivial, como na vida. Um veículo colide com outro, uma viatura passa, o portão range, uma bola de futebol é atropelada por um carro indiferente. Conhecemos uma das casas em particular: uma mãe, dois filhos, com uma empregada. Tudo parece estar sempre à beira do desastre, e não se sabe bem para qual lado deste delicado mosaico as coisas estão indo até o seu fechamento.

Existe dinheiro entrando em Pernambuco, e os filhos da dona de casa aprendem mandarim. Ela compra uma televisão fina, maior do que a da sua vizinha, signo de pertença, de estar no mundo em algum lugar. Está incomodada com o barulho do cão. Passa aspirador na casa. O eletrodoméstico suga a sua alma. Ela olha pela janela, através das grades, para as feias construções de sua rua, da torre de onde se encastela, e teme ter matado o cão do vizinho com o sonífero – ou será que dorme? Um caminhão passa lá fora. A empregada quebra um produto importado, é negligente, não sabe o valor das coisas. A mãe deita no sofá, a ninhada por cima, estão seguros, lá fora só o barulho da rua.

Sua filha sonha que uma multidão está entrando na sua casa – porém, o curioso é que o barulho aumenta progressivamente, mesmo depois de os gatunos já terem saltado os muros, nada tem sentido. O som invade seu quarto, e ela está assustada: essas crianças não são inocentes, já fazem parte deste processo, sabem o que há ao redor. No começo do filme, os moleques jogam uma pelada cercados por grades no playground: o campinho é uma jaula, testemunhamos o banho de sol, eles são guardados por suas babás uniformizadas e vigilantes. Ao fundo, em baixa frequência, quase insignificante, o som do Recife, como se algo estivesse por baixo, por trás da ação emoldurada.

O neto do velho rico se envolve com uma garota, estão sem roupa na sala em cima do sofá, e então se escuta o barulho de chave, a empregada trouxe os filhos para o trabalho. O casal corre para o quarto, as crianças moreninhas sentam no sofá para ver desenho. A sala é ressignificada, os cheiros se fundem com os trazidos da rua. O neto toma café no mesmo cômodo em que está a empregada, e traz um dos filhos dela à mesa, é cordial. A arrumadeira passa a roupa descalça, ele pede que ela ponha chinelos. Sob o afeto caridoso, há sangue e som e fúria, o gene pulsante do branco, do senhor de engenho. Barulho da máquina de lavar, das conversas, dos talheres batendo na louça que disfarçam o estalar do chicote; o poder sancionador do patrão paira discreto e benevolente sobre as cabeças.

Somos então apresentados a uma justaposição de ricos e de menos abastados em uma reunião de condomínio. Chega-se à conclusão, depois de poucos minutos de observação, de que aquilo ali não é exatamente uma comunidade no sentido de coisa pública, mas uma reunião de particulares. E não é a mesma coisa? Acredite, não é. Arquitetam a demissão do porteiro, pragmáticos. O medo da reclamação trabalhista assombra os moradores, e a Justiça é conivente com o empregado, hoje eles estão por cima da carne seca, têm o comportamento inusitado de exigir direitos. Mas é uma questão de honra, o funcionário não tem mais a fineza de entregar a revista Veja dentro do saquinho, certamente ele deve abri-la sorrateiramente para se empanturrar do alimento intelectual da classe média sem gastar um só centavo do seu bolso. Não que alguém realmente se importe com isso, porque a cultura é para todos, mas reticências. Decidem demiti-lo.

Esta é a dinâmica do grupo até que chega ao bairro uma pequena milícia de vigias para garantir a segurança da rua. O filho e o neto conversam com eles, que pedem uma caixinha, modesta contribuição mensal em troca. Uma testemunha do outro lado da rua veria os sorrisos de uma relação amistosa. A câmera está, porém, suficientemente próxima e incômoda: pulsam o poder e a dominação, e animais selvagens demarcam os limites do seu território entre um e outro aperto de mão. Um som de carro foi roubado um dia antes.

Na casa do filho do velho rico, a falta de grades é justamente para não esbanjar, não atrair o ladrão. Nem os vigias estão seguros: são também eles vigiados, esgueiram-se olhos por trás de todos os muros, o grande irmão das sombras. A uma dada altura não se quer admitir que esta pacata comunidade viva no centro de uma guerra social – parece exagero. Atinge-se, então, um estado de paranoia, em que o medo de que algo aconteça faz com que as coisas (às vezes) realmente aconteçam. Seu imaginário é povoado pela ideia do ladrão, por câmeras de segurança, luzes automáticas e gente riscando a lataria do carro: sob a beleza do mar de Recife, tubarões espreitam.

Kleber Mendonça tempera sua obra com um inconsciente que tangencia o fantástico sem nunca adentrá-lo completamente. É como se o filme sonhasse em certos momentos para, terapeuticamente, trabalhar as suas neuroses (um cochilo de alguns poucos frames e a cachoeira arrebenta em um banho de sangue). O neto do velho rico é um corretor de imóveis que não gosta de seu trabalho. Alguém morreu pulando do prédio há três dias e há ali no canto uma coroa de flores. Mau agouro.

Os grãos de sal oferecidos pelo roteiro deixam um gosto amargo na boca, o peito apertado, um estado tenso de vigília. No momento em que o segurança da rua leva para a cama a empregada em uma casa cujos donos estavam viajando, um vulto passa. Invasão, flagrante, medo, sobressalto, culpa. O medo de um filme de terror que nunca dá a ver o seu monstro – cabe, evidentemente, a lembrança de Trabalhar cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra, mas tenho a impressão de que O som ao redor trabalhe em um nível diferente de referências, e com maior refinamento. É um filme síntese de muita coisa.

Então os vigias percebem, no meio da noite, algo na copa de uma árvore. Não se sabe o que é. A câmera foca e parece um ser hostil, acuado. Um animal? Há algo preto entre os galhos. Cai, sem jeito. É um moleque negrinho – um saci? Tem as pernas. Dão um soco na cara dele, é um projeto de ladrãozinho. Pesquisando depois, descobri o gosto do diretor por lendas e contos urbanos. Um deles, dos mais tristes e macabros, é o do menino-aranha. Era um menino que de fato existiu no Recife e que entrava nas casas escalando as antenas para comer e dormir. Seu nome era Tiago João da Silva. Não há registro de que tenha agredido ninguém; constam apenas passagens por invasão de domicílio e pequenos furtos pela polícia pernambucana desde 1997. Com 18 anos, no ano de 2005, alguém atirou no garoto 14 vezes, e ele foi encontrado morto e cravejado poucos metros de onde vivia – conta-se que no seu enterro estiveram presentes seu pai, três assistentes sociais e quatro curiosos. Foi o fim do menino-aranha.

Kleber Mendonça Filho fala, às vezes apenas indiretamente, de suas influências: George Orwell, Eduardo Coutinho, John Carpenter, Dario Argento, Elia Suleiman. Diz em uma entrevista que parte do dinheiro que tem entrado em Pernambuco nos últimos anos tem sido usado para construir edifícios mais altos, com mais cercas elétricas. Que este não é o modo ideal de se construir uma cidade. Que a arquitetura reflete um pensamento. Filma em plano aberto essas coisas porque assim o registro parece ter saído mais caro do que foi – e talvez para mostrar melhor as contradições da 5ª maior potência mundial. Como escreveu Roger Ebert já em fevereiro de 2012 sobre os personagens do filme, há “issues of class, race and power bubble beneath their interactions, revealing societal holes in Brazil's current economic boom”.

Então o que se percebe é uma difícil relação entre a casa e a rua, e o som é um instrumento para aguçar a percepção para este fato. Trata-se, aliás, do recorte metodológico de um filme com tese, que foi sendo preparado aos poucos, estudado e maturado ao menos desde 1997 com Enjaulado: fecha-se a porta, mas o som vaza para o privado, não se sabe exatamente o que está dentro e o que está fora. Digamos assim, de um modo mais expresso: a enorme dificuldade de se admitir simplesmente que a casa faz parte da rua.

A um dado momento, deseja-se calar o cão do vizinho (do outro privado), controlá-lo. A pretensão involuntária do outro de adentrar a casa tem de alguma forma uma dimensão marcadamente invasiva, a impressão aflitiva de que os muros não são o bastante para conter o indesejado. A dona de casa compra então bombinhas e rojões para insinuar um poder, uma técnica, e assim dominar o animal. Sob o som que se escuta na aparência enganadora dos sentidos habita um monstro, uma violência, e a imagem trava.

Leonardo Branco




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